Texto por Isabella Garcia
Como vimos nos posts passados, as ações têm se tornado um investimento cada vez mais popular no Brasil. Em março deste ano, a bolsa teve sua pior queda mensal em 22 anos e, curiosamente, foi nesse mesmo mês em que a base de CPFs registrados como investidores na B3 teve sua maior alta, de 15%, atingindo novo recorde com 2,24 milhões de pessoas físicas. Infelizmente, no perfil, 76,3% ainda são homens, enquanto apenas 23,7% são mulheres - mas esse é um assunto para outro momento.
Curiosidades à parte, nesse texto falaremos sobre formas de analisar ativos e, assim, tomar uma decisão coerente e segura, afinal, todos estamos carecas de saber que investir em ações não é um joguinho de azar. Existem alguns métodos de análise, e escolhemos os dois principais para compartilhar: análise técnica e análise fundamentalista.
Análise técnica:
Também conhecida por análise gráfica, como o próprio nome sugere, ela é o estudo do ativo feito pelo acompanhamento de gráficos.
O gráfico mais utilizado nesse tipo de análise é o de Candlestick, que você com certeza já viu por aí em algum filme ou série. É através dessas famosas velas que os analistas veem o que uma ação fez no passado, o que está fazendo no momento e, com base em algumas teorias, a probabilidade de fazer algum movimento similar no futuro. Claro que não é possível prever o futuro por meio dessa análise, já dizia Lulu Santos: “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”, porém, respaldados nas teorias grafistas, o analista leva em consideração o fato de que o mercado é cíclico, ou seja, algo parecido pode acontecer. Assim é possível identificar tendências de alta, tendências de baixa e, com isso, fica mais fácil montar operações para curto e médio prazo.
Em suma, essa análise baseia-se em estudar o movimento do preço do ativo. Dessa forma, é possível identificar o melhor momento de entrada em uma operação, o seu preço alvo e o seu limite de ganho, o stop gain. Além disso, também torna-se possível definir o melhor momento de saída e seu limite de perda, o stop loss, caso ocorra o contrário e o ativo desvalorize.
Análise fundamentalista:
Essa análise busca assimetrias entre o valor intrínseco e o valor de mercado das ações, focando nos fatores que afetam o negócio de uma empresa e suas perspectivas futuras, ou seja, observando como está a saúde financeira e operacional da empresa. Pode-se dizer que é uma análise mais aprofundada e lenta da ação, afinal, ela é baseada em fundamentos macro e microeconômicos do objeto em questão.
Ela leva em consideração alguns indicadores quantitativos e qualitativos, por exemplo:
Quantitativos:
Preço/Lucro;
Dívida/Capital Social;
Preço/Valor patrimonial ajustado;
Retorno sobre capital social (ROE);
Fluxo de caixa líquido (FCL);
PIB;
Inflação;
Juros;
Qualitativos:
O impacto das variáveis macroeconômicas no setor e na empresa;
Capacidade competitiva no setor;
Potencial de crescimento/transformação do setor;
Market share da empresa;
Políticas de governança;
Qualidade da gestão da empresa;
Desse modo, o analista, após a coleta dos dados da empresa e do setor, fará um processo de análise financeira da empresa. A partir disso, serão feitos cálculos que têm a função de analisar a capacidade de rentabilidade de uma empresa, permitindo a verificação dos potenciais de lucro para, assim, determinar o preço justo da companhia.
Diante disso, é notório que não existe um método superior ou mais eficaz que outro, afinal, as duas análises têm pontos positivos e defasagens. O aconselhado é escolher o que melhor se adapta aos seus estilo e objetivo. Por exemplo: alguém, cujo objetivo é à longo prazo, pode preferir a análise fundamentalista, já que esta visa obter rentabilidade no crescimento de valor de uma empresa. Um investidor que visa o curto prazo, por sua vez, pode preferir a análise técnica, pois ela é uma análise mais prática e objetiva. Ou ainda, pode-se explorar o melhor dos dois mundos, utilizando ambos os métodos. Nesse caso, é muito comum utilizar-se a fundamentalista para estudar e escolher a empresa, e a técnica para saber o melhor momento de iniciar a operação.
Por fim, não poderia deixar de citar duas pessoas muito influentes em cada análise para você, que curtiu essa introdução, explorar mais o assunto:
Charles Dow: Foi ele quem criou a base da análise técnica que conhecemos hoje em dia. Após a criação da primeira bolsa de valores do mundo, Dow percebeu que, antes mesmo do jornal publicar notícias sobre certas empresas, os preços delas já estavam oscilando. Assim ele chegou à conclusão de que se os investidores realizassem as decisões antes da notícia, poderiam lucrar com isso, e para realizar essas decisões de maneira assertiva bastava encontrar tendência nos preços. Dessa forma nasceu a teoria de Dow que diz que os preços das ações refletem suas condições de oferta e demanda no mercado.
Warren Buffett: foi aprendiz do pai da análise fundamentalista, Benjamin Graham, e seguiu à risca seus ensinamentos. Além de ter sido seu aluno na faculdade, Buffett trabalhou para Graham de graça por um tempo, almejando aprender mais sobre o universo desse método. Como consequência, hoje ele é considerado um dos maiores investidores de todos os tempos, além de ter ensinado que não devemos comprar ações, e sim, negócios. Ou seja: é preciso entender bem seus fundamentos para tornar-se sócio de empresas promissoras.
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Disclaimer: reforçamos que todo o conteúdo da Impactus UFRJ é feito apenas sob propósito didático, não sendo nossa intenção fazer qualquer orientação ou recomendação sobre qualquer tipo de investimento
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