Por Eduardo Ávila e Lucas Borges
“A Teoria do Cisne Preto refere-se apenas a eventos inesperados de grande magnitude e consequências no contexto da sua influência histórica. Tais eventos, considerados extremos e atípicos, coletivamente representam um papel mais importante do que os acontecimentos normais.”
De fato, hoje é o dia do Cisne Negro: Donald Trump é o novo presidente dos EUA.
Esse evento atípico não foi marcado por uma reviravolta nas estatísticas apresentadas nas pesquisas eleitorais, as chances de Trump sempre foram reais, porém, a polêmica e a desconfiança acerca do seu discurso e de suas intenções políticas causavam um sentimento geral de que tal fato não ocorreria. Mesmo com a ascensão do candidato republicano nas pesquisas da última semana, ainda era esperada uma vitória democrata, justamente, por significar uma candidata mais moderada e que manteria o status quo da política americana.
Com a eleição de Trump, a incerteza e a aversão global ao risco se intensificam, criando um cenário, no curto prazo, no qual os investidores globais fogem de ativos mais arriscados e passam a colocar seu dinheiro em locais mais seguros. As bolsas internacionais tiveram grandes baixas no dia, principalmente as bolsas de Tóquio, Xangai, Hong Kong e dos países emergentes, enquanto o S&P 500, Dow Jones e Nasdaq apresentaram ganhos, ou seja, caracterizaram uma concentração de capital nas bolsas americanas, que se beneficiariam com a política nacionalista de Trump.
E devido aos planos do novo presidente de investir em infraestrutura, os metais utilizados na indústria passaram a subir fortemente, com o cobre subindo 4% e com o ouro tendo a maior subida desde a saída do Reino Unido da União Europeia. Já o Petróleo, após cair mais de 4%, passou a subir 1,04%.
Já no horizonte da política monetária americana, o mercado aumentou bastante sua incerteza sobre a alta dos juros no momento em que Donald Trump ganhou as eleições, passando a crer em uma probabilidade de somente 47% para a alta em dezembro, caindo muito em relação aos 70% pré-eleições. Porém, após o discurso conciliador de Trump, as expectativas retornaram para um patamar semelhante ao anterior, chegando a 68% de probabilidade de elevação dos juros em dezembro. Outro fator que aumenta a incerteza do mercado é a possível saída de Janet Yellen da presidência do FED, tendo em vista o grande desalinhamento entre ela e o novo presidente. Trump chegou a afirmar em seu discurso que Yellen manteve os juros baixos para favorecer Hillary nas eleições.
Mesmo com as tensões globais de curto prazo, não se sabe ao certo o que esperar no longo prazo, o cenário é muito incerto para qualquer afirmativa acerca das mudanças nas políticas americanas. O mercado aguarda os próximos movimentos de Donald Trump.
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