Por Eduardo Ávila e Vitor Carvalho
Blockchain, em sua tradução literal, significa “cadeia de blocos”. Trata-se de uma base de dados aberta distribuída, cuja lista de registros – os blocos - está em constante expansão, e são totalmente protegidas contra adulterações e revisões. Podem gravar transações entre duas partes de forma eficiente, verificável e permanente. O “livro-razão” também pode ser programado para desencadear transações automaticamente.
Pela explicação técnica, parece difícil imaginar as aplicações dessa tecnologia em nossas vidas. No entanto, o que tem sido revelado é um horizonte infinito de possibilidades e transformações na vida de cada indivíduo ao redor do mundo.
Já pensou nas trocas e transações que você faz no seu dia-a-dia? Reflita sobre o papel dos bancos em cada compra feita com seu cartão. Eles são os maiores intermediadores de qualquer tipo de transação monetária que ocorre, mas se Blockchains tem a capacidade de registrar tudo de forma eficiente e permanente, podendo ser programado para fazer isso automaticamente, por que ainda existiriam bancos?
Em resumo, as características que configuram o Blockchain são baseadas em quatro grandes pontos:
• Confiança: pessoas depositam confiança sem perceber a todo momento em instituições como bancos, governos e empresas. Ficando, assim, expostos à arbitrariedade. • Consenso: Por exemplo: o que são os finais de semana? Foi um consenso criado em algum momento, que todos concordaram e seguem. A rede é baseada no consenso entre os participantes, removendo pontos centrais. • Segurança: trata-se de informação criptografada, sem deliberações e inviolável. • Transparência: pode ter grandes impactos no combate à corrupção. No Blockchain, todos podem ver todos os gastos de qualquer parte, e seus destinos. São dados 100% auditáveis.
Como surgiu tudo isso?
Tudo começou com um grupo denominado Cyberpunks: eram anarquistas, rebeldes da época do surgimento da internet, em sua maioria formado por matemáticos, criptólogos e cientistas sociais. Esses revolucionários pretendiam criar um dinheiro digital. Entretanto, foram muitos os problemas enfrentados por essa busca que envolvia um pensamento completamente inovador
O estudo sobre o assunto foi, ao longo do tempo, se disseminando pelo mundo todo, através de artigos científicos, principalmente open-source. Surge, então, em 2009, pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto, a ideia de moeda criptografada, ou como ela ficou conhecida, o Bitcoin. Esse tipo de moeda seria baseada em sistemas de consenso na tecnologia Blockchain, com o intuito de superar os problemas iniciais de criação de um dinheiro eletrônico, sem a confiança em um poder central (como um governo, banco, ou corporação). Esse dinheiro digital é descentralizado e distribuído por milhares de computadores (que retêm as informações) e funcionaria em um modelo no qual a rede inteira toma conhecimento da transação e autoriza (caso os requisitos sejam cumpridos).
Como está o cenário hoje em dia?
O Blockchain, hoje, vai muito além da relação com o Bitcoin. Sua aplicação pode se estender no modo como são feitos os contratos (os chamados smart contracts), em todos os tipos de dados que circulam pela internet e, até mesmo, em eleições. Na Estônia, o armazenamento de dados já é feito em sistemas baseados na nova tecnologia. Em Dubai, é pretendido ter todo o sistema operacionalizado via Blockchain até 2020. Em um pequeno território entre a Sérvia e Croácia, um grupo quer criar um país extremamente liberal, a “Liberland”, com um governo total aderido e operacionalizado em tais moldes.
Entende-se, portanto, que o Blockchain é a tradução tecnológica da revisão de conceitos de estrutura organizacional e hierarquia. Esse debate é extremamente contemporâneo: as pessoas, empresas e organizações estão mudando. As relações são totalmente diferentes do que eram há 10 anos atrás. Talvez se essa tecnologia surgisse há 20 anos ou daqui a 20 anos, não desse certo. Nesse contexto, o advento da tecnologia baseada em Blockchain é totalmente compatível com a mudança comportamental e dinâmica da humanidade na Era Digital.
Eduardo Ávila e Vitor Carvalho, estudantes de Economia na UFRJ
Comments