por Luiza Marcheni
Você pode até fazer uma graduação, pós-graduação, ter uma boa rede de networking e ser bem qualificado mas, se quiser ser reconhecido dentro do mercado financeiro, é muito provável que precisará ter alguma certificação emitida por uma instituição respeitada para que isso aconteça. Na verdade, como será visto ao longo do texto, muitos cargos têm como pré-requisito a aprovação em uma certificação e, em outros, ela é obrigatória por lei. De qualquer forma, como não existe uma formação específica para trabalhar no mercado financeiro, as certificações surgem como um aglomerado de conteúdos que abrangem questões relevantes para esse tema, tanto do lado teórico como prático, funcionando como uma forma de atestar o conhecimento do candidato sobre os temas em questão.
Primeiramente, temos umas das certificações mais populares do mercado, a CPA-10. Ela é destinada aos profissionais que atuam na distribuição de produtos de investimento em agências bancárias ou plataformas de atendimento, vendendo itens como fundos de Investimento, CDB e Previdência Privada. Além disso, é uma prova que atesta o conhecimento do candidato sobre o mercado financeiro em geral e aborda temas como: (i) Sistema financeiro Nacional (ii) Ética, regulamentação e análise do perfil do investidor, (iii) Noções de Economia e Finanças (iv) Fundos de Investimento (v) Instrumentos de Renda Fixa e Renda Variável (vi) Previdência Complementar Aberta: PGBL e VGBL (vii) Princípios de Investimento.
A CPA-20, por sua vez, embora seja muito parecida com a CPA-10, é mais abrangente, visto que é destinada aos profissionais que atuam na distribuição de produtos de investimento para clientes de alta renda, private e corporate. Assim, o profissional que obtém a CPA-20 pode exercer, além de suas atividades rotineiras, as atividades abrangidas pelo CPA-10. Os conteúdos cobrados nessa prova possuem algumas similaridades com a anterior: (i) Sistema Financeiro Nacional e Participantes (ii) Compliance legal, ética e Análise do perfil do investidor (iii) Princípios Básicos de Economia e Finanças (iv) Instrumentos de Renda Variável, Derivativos e Renda Fixa (v) Fundos de Investimentos (vi) Previdência Complementar Aberta: PGBL e VGBL (vii) Mensuração e Gestão de Performance e Risco.
“Eu precisei tirar o CPA-20 por necessidade. Fui contratada com estagiária comercial na Órama Investimentos e, como era uma exigência para conseguir atuar na área, a empresa investiu na inscrição dos estagiários e nós tivemos um mês para estudar. Além dessa limitação do tempo, tive que estudar bastante os conceitos mais básicos do mercado financeiro até os mais complexos. Isso ajudou muito, porque o exame é bem teórico, então o conhecimento prático por si só não era tão útil se não tivesse acompanhado de uma teoria bem fixada. Acredito que o CPA-20 é o primeiro passo para quem quer entrar na área comercial do mercado financeiro.” - Fernanda Arias, alumini da Impactus e Investment Advisor da BTG pactual
Além disso, temos a CEA, que dá o título de especialista de investimentos. Basicamente, ela certifica profissionais que realizam a assessoria dos gerentes de pessoas físicas em investimentos. Assim, o especialista supervisiona a prospecção de clientes, a venda e ainda tem o know-how e licença para indicar produtos financeiros.
Nessa perspectiva, o profissional aprovado pode ser tornar um consultor de investimentos, focando em produtos sofisticados e personalizados, atendendo um grupo de agências bancárias e seus clientes, ou um planejador financeiro autônomo com reconhecimento no mercado.
Em termos de conteúdo, essa prova é muito parecido com a CPA-20, possuindo um módulo a mais, o “Planejamento de Investimentos”. Cabe lembrar que essas 3 certificações são emitidas pela ANBIMA, uma entidade auto reguladora do mercado, e são crescentes em ordem de dificuldade e complexidade. Por isso, um profissional que tenha o CEA pode ser considerado como mais qualificado, em termos de conhecimento técnico, do que um profissional com CPA-10. Além disso, elas são ideais para as pessoas que desejam construir carreiras, principalmente, dentro de agências bancárias, sendo o CPA-10, muitas vezes, obrigatório, o CPA-20 desejável e o CEA um grande diferencial.
Se, além de desejar trabalhar em grandes bancos, você também quer ter a possibilidade de trabalhar em uma gestora de investimentos e busca se qualificar para isso, a certificação de Gestor da ANBIMA (CGA) é uma ótima candidata para atestar seus conhecimentos e habilidades para o mercado. Nessa perspectiva, ela é mais voltada para profissionais que desejam trabalhar com uma gestão profissional dos recursos de terceiros, gerindo fundos de investimento de renda fixa, de ações, cambiais e multimercados e, além disso, administrando carteiras. Como essa certificação dá muito mais autonomia ao profissional em relação àquelas discutidas anteriormente, ela é muito valorizada no mercado, possui um nível de dificuldade maior para sua aprovação e tem como pré-requisito a certificação CFG (Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão).
Outra certificação muito relevante é a CFA (Chartered Financial Analyst), que é voltada para quem deseja atuar como analista financeiro e de investimento. Como ela é reconhecida internacionalmente, existe a possibilidade dos profissionais trabalharem fora do país de origem e formação. Nesse sentido, diversas portas se abrem após a aprovação, como trabalhar com consultoria financeira, bancos de investimentos e casas de research, empresas de seguros e de private equity.
Para se ter uma noção da importância dessa prova, somente aproximadamente 1200 pessoas no Brasil são certificadas hoje. Assim, por ser uma certificação altamente valorizada no mercado, ela possui alguns pré-requisitos, como 4 anos de experiência comprovada na área de finanças e ser membro do CFA institute. Além disso, todo o conteúdo da certificação é cobrado em três etapas:
1: conhecimento e compreensão dos conceitos e ferramentas básicas da análise de investimentos;
2: aplicação e análise para avaliação dos ativos e com foco na contabilidade; e
3: gestão dos ativos e gestão de carteira.
“O objetivo do CFA é obter uma certificação a nível mundial que ateste o seu conhecimento sobre finanças em geral, não só corporativas como também pro lado da economia, renda fixa e renda variável. Assim, essa certificação é um caminho de estudos que abrange muitos conteúdos, possibilitando o estudante a obter conhecimentos que são utilizados na prática, principalmente para quem deseja trabalhar no mercado financeiro, na área de Fusão e Aquisição, Asset Management e tesourarias de bancos, por exemplo.
O CFA é um grande diferencial no currículo, com peso comparável a um mestrado dentro do mercado. O conhecimento de finanças que eu adquiri estudando para o CFA foi muito maior do que o que estudei durante a faculdade de finanças e tenho segurança em dizer que a minha aprovação na prova de nível 1 do CFA foi essencial para eu ser recrutado e conseguir trabalhar onde trabalho hoje.” - Richard Sihman, Alumini da Impactus e Equity Research Analyst na Guepardo Investimentos
Já a certificação da CNPI, o Certificado Nacional do Profissional do Investimento, que é emitida pela APIMEC, é voltada para profissionais para que desejam atingir um nível internacional de reconhecimento como Analista de Investimentos. Além disso, a certificação é obrigatória para o exercício da função de Analista de Valores Mobiliários, permitindo o profissional atuar nos processos de análise, avaliação e decisão de investimentos.
Um questionamento que pode surgir é a semelhança entre o CFA e o CNPI. De fato, ambos são voltados a certificar um profissional como analista de investimentos. No entanto, enquanto o CFA tem validade internacional, o CNPI é válido somente para o território brasileiro. Outro ponto importante é que o CNPI é um selo obrigatório pela CVM para exercer a função de Analista de Valores Mobiliários, enquanto o CFA é opcional.
Em suma, embora as certificações do mercado tenham níveis crescentes de dificuldade, elas podem ser o diferencial que dará ao profissional visibilidade no mercado e, consequentemente, maiores oportunidades. Além disso, o conhecimento adquirido com o estudo intensivo para essas provas é capaz de aumentar e refinar a bagagem de conhecimentos técnicos do profissional e desenvolver uma visão mais aprofundada sobre o mercado financeiro como um todo.
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