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Circuit breaker: um banho de água fria no mercado

Atualizado: 21 de nov. de 2020

Em setembro de 2008, os efeitos da crise do subprime contaminaram o mercado financeiro. No mesmo mês em que o Lehman Brothers declarou sua falência, o Ibovespa “derreteu” 11%. Especificamente no dia 29 de setembro, o índice chegou a cair quase 14%, fazendo com que um mecanismo fosse acionado: o circuit breaker.

Para entendê-lo, imagine um filtro de linha. Hoje em dia, alguns são equipados com circuit breaker, que nada mais é do que um disjuntor que, ao notar sobrecarga, desliga automaticamente, protegendo aparelhos e equipamentos ligados na tomada. O circuit breaker das bolsas de valores tem um funcionamento análogo. Quando o índice sofre uma variação negativa muito elevada durante o pregão, tal mecanismo é acionado para preservar o mercado.

Aqui no Brasil, o circuit breaker funciona da seguinte forma: se o Ibovespa cai mais de 10% em relação ao valor de fechamento do pregão anterior, acontece a primeira interrupção. Com o circuit breaker acionado, todas as negociações da Bolsa são suspensas por um intervalo de 30 minutos. Passado esse tempo, as operações são reabertas.

Se o Ibovespa continuar caindo e alcançar uma queda no patamar de 15%, então o circuit breaker é acionado novamente. Dessa vez, como a queda acumulada alcançou um patamar mais elevado, nada mais justo do que aumentar o intervalo de suspensão de negócios. Assim, as operações permanecem paralisadas por uma hora, com o intuito de frear o pânico do mercado.

Agora, se o índice continuar afundando e quebrar o nível de 20% de queda, o circuit breaker, nessa linha, assume maior rigidez. Os negócios são suspensos por um prazo que deve ser determinado pela B3, visando amenizar o desequilíbrio no mercado.

No Brasil, o circuit breaker foi adotado em 1997, mas já era utilizado no mercado acionário norte-americano. A primeira vez que foi posto em prática nos EUA foi em outubro de 1987. No dia 19 daquele mês, o Dow Jones Industrial Average (DIJA) recuou 22,6% em um único dia, influenciado pelo medo diante de uma possível recessão econômica nos EUA. A “Black Monday”, como ficou conhecido o dia 19 de outubro de 1987, contaminou também bolsas ao redor do mundo, como a bolsa de Tóquio, que caiu quase 16%.


Por aqui, a última vez que o circuit breaker entrou em ação foi no dia 18 de maio de 2017, o icônico “Joesley Day”. Na véspera, os meios de comunicação noticiaram a existência de um áudio gravado por Joesley Batista no qual o presidente Michel Temer se referia à Eduardo Cunha, que, na época, já estava preso no âmbito da Lava Jato. As notícias desanimaram o mercado brasileiro e trouxeram incertezas em relação às reformas propostas pelo governo federal.


Nesse dia, o circuit breaker foi acionado apenas uma vez. Durante o pregão, o Ibovespa chegou a deslizar 10,47%, fazendo com que as negociações fossem suspensas por 30 minutos. A bolsa fechou com o índice apresentando uma queda de 8,8%, recuando ao patamar de 61.597 pontos.


Nesse sentido, da mesma forma que o circuit breaker de um filtro de linha é fundamental para proteger o conjunto de equipamentos ligados ao circuito elétrico, o circuit breaker da bolsa é um mecanismo interessante para amenizar o caos do mercado e segurar desequilíbrios entre as forças compradoras e vendedoras.


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