Por Denizard Padrón e Daniel de Andrade
Petróleo e distribuição
Ultrapar
A Ultrapar (UGPA3) é uma companhia brasileira que atua nos setores de distribuição de combustíveis, por meio da Ipiranga e da Ultragaz; produção de especialidades químicas, por meio da Oxiteno; serviços de armazenagem para granéis líquidos, por meio da Ultracargo; e drogarias, por meio da Extrafarma.
A empresa merece uma atenção diferenciada, principalmente no setor de distribuição de combustíveis, dado seus últimos resultados, e as expectativas que possui no cenário atual. Trata-se de um mercado restrito (com barreiras à entrada no setor), com Market Share fatiado por alguns grandes players (BR Distribuidora, Ipiranga, Raízen, Alesat, e outros de bandeiras brancas), formando assim um equilíbrio extremamente estável e difícil de ser quebrado, sendo a BR o maior player (aproximadamente 31%), seguido da Ipiranga (aproximadamente 22%).
A Ultrapar já vinha buscando formas de expandir sua posição no setor de distribuição de combustíveis, como ficou sinalizado em 2017, com a tentativa de adquirir a Alesat (vetada pela CADE), buscando aumentar a sua capilaridade, tendo em vista que, aproximadamente, apenas 14% dos postos são de bandeira Ipiranga, contra 18% BR e 42% de bandeiras brancas. Isso mostra uma contradição no setor, onde 70% do volume é vendido pelos três grandes players (BR, Ipiranga e Raízen), mas no entanto, estes representam menos da metade do total de postos. Além de ser o mercado mais competitivo, o segmento de distribuição de combustíveis representava 55% do Ebitda da Ultrapar em 2018.
Com a combinação dos contratos de longo prazo (que proporcionam previsibilidade de volume) e com a política de preços da Petrobras, que pressionam os repasses para o cliente final a companhia tinha seus ganhos mitigados e com isso buscou estratégias para reduzir os riscos, investindo numa diversificação que pudesse ser somada aos serviços de distribuição de combustíveis, desenvolvendo a Extrafarma e a AM/PM, agregando valor aos postos Ipiranga e consequentemente, aumentando sua procura. A valorização (direta ou indireta) dos postos também proporciona aumento do volume, e consequentemente, permitisse uma negociação de preços mais vantajosa na compra da refinaria e/ou revendedor. Além disso, a Ipiranga tem bem conhecido o seu forte marketing e seu programa de fidelização o “Km de Vantagens”, já com quase 30 milhões de inscritos, também no intuito de aumentar o volume de venda e favorecer a negociação e o preço final.
Seu portfólio também é composto por Oxiteno (especialista em produtos químicos), Ultragaz (distribuição de gás – GLP – 19% do Ebitda) e Ultracargo (armazenagem de combustíveis – 5% do Ebitda). Trata-se de um portfólio sensível ao crescimento econômico. Assim, com a atuação da nova presidência e as reformas que vem gerando expectativas sobre a retomada da economia e a reestruturação da Petrobrás, a Ultrapar passou a representar um ativo com grande potencial de valorização, esperando um crescimento orgânico junto com a economia e maior chance de expansão da sua capilaridade na distribuição de combustíveis, a princípio pela aquisição gradual de postos de bandeira branca, mas também pelas declarações de Roberto Castello Branco, que indicam grande possibilidade de privatização da BR Distribuidora no futuro.
O grupo tem uma história similar dentro do setor de distribuição de Gás (de cozinha), a Ultragaz visualiza um mercado interno fechado após uma tentativa fracassada de adquirir a Liquigás (também vetada pelo agente regulador), e agora busca aumentar capilaridade e a fidelização do cliente, além de buscar posição no mercado externo com foco em Latam e destaque para Argentina e Colômbia. A empresa é líder no mercado nacional, com aproximadamente 24% do volume de vendas, mas bem próxima do desempenho da Liquigás, Supergasbrás e Nacional Gás.
A Ultracargo é a maior empresa brasileira de armazenamento de granéis líquidos (biocombustíveis, produtos químicos e outros), e tem expectativa de pelo menos dobrar a capacidade para os próximos 15 anos. A Oxiteno já se apresenta como líder na américa latina, e busca ganhar espaço nos EUA, possui uma receita dolarizada e produz produtos de maior valor agregado.
A Ultrapar passou apresentar valorizações consideráveis a partir de meados de 2018, surfando com as expectativas de retomada econômica e a reestruturação da Petrobrás, a baixa taxa de juros e inflação, a mudança de governo, promessas de reformas e expectativas de desalavancagem da Petrobrás criando um cenário favorável para o portfólio da empresa. No entanto, no dia 20/02 o lucro líquido da Ultrapar ficou em R$ 1,132 bilhão em 2018, representando uma queda de 26% em relação ao ano anterior, e um Ebitda 6,5% abaixo do esperado pelo consenso de mercado no trimestre e desagradando o mercado. Fez com que analistas reafirmassem a recomendação de venda, apesar de enxergarem uma eventual perspectiva mais positiva para o grupo nos próximos trimestres. No quarto trimestre do ano passado, o resultado foi de R$ 496 milhões (+ 27%), principalmente em função da melhora no resultado financeiro. O destaque positivo acabou sendo a geração de caixa, que levou a uma redução da dívida líquida em R$ 1 bilhão. Bem próximo da divulgação do resultado da empresa, a Ultrapar anunciou um desdobramento das ações na proporção de duas para uma, visando o reposicionamento do lote mínimo e o aumento no volume de negociações das ações.
O resultado negativo apresentado pela Ultrapar se deu principalmente por baixas performances na Oxiteno e na Ultragaz e causaram quedas consideráveis no papel da empresa nesta últimas duas semanas.
Petrobrás
Análise até primeira semana de Fevereiro:
A Petrobrás ainda vem colhendo alguns reveses oriundos dos escândalos de corrupção da antiga gestão e dos atos ilícitos praticados pela companhia no âmbito da Lava Jato. Após a ação dos investidores americanos, agora a empresa está realizando um provisionamento de US$ 622 milhões referente a sentença de arbitragem movida pela Vantage, originada de um contrato de serviços de perfuração obtido mediante corrupção, conforme revelado pela Operação Lava Jato, a título de ressarcimento pela rescisão antecipada do referido contrato e faturas relativas à perfuração de um poço no Golfo do México. Ainda é necessário aguardar o andamento da ação anulatória para obter o resultado final do processo.
Aqui no Brasil está em andamento uma ação dos investidores brasileiros contra a Petrobrás, protocolado um requerimento de arbitragem coletiva contra a companhia na CAM (Câmara de Arbitragem da Bolsa) B3, nos moldes da ação realizada pelos pelos investidores americanos, em busca de reparação pelas perdas associadas ao envolvimento da empresa na Operação Lava Jato (de 2010 a 2015). A princípio, o posicionamento da empresa era defensivo, declarando não ser a responsável dos atos ilícitos da gestão anterior, mas sim, uma vítima dos atos criminosos, junto aos investidores, o que indicava uma disputa pela responsabilização das perdas e das indenizações.
No entanto, em 30 de Janeiro a empresa começou a tomar providências que indicam estar se preparando para arcar com os custos e a responsabilização das perdas dos investidores brasileiros, anunciando um provisionamento de 1,25 bilhões de reais para pagar as indenizações. Tal ação vai de encontro ao acordo firmado pela empresa na justiça americana, onde a Petrobrás se comprometeu a assumir publicamente sua responsabilidade nos atos ilícitos, ficando sujeita a sanções caso viesse a negar tal envolvimento (já corroborado na indenização aos investidores americanos).
Apesar dessa “herança maldita” herdada pela Petrobrás, a empresa tem surfado no otimismo dos investidores e do mercado desde a confirmação do novo presidente nas eleições brasileiras, acumulando valorização, e mantendo expectativa de novas altas, de acordo as reformas propostas pelo governo forem avançando. Além disso, a companhia vem assumindo seu papel de alinhamento com a nova agenda econômica federal, como forma de prolongar a boa onda, e reafirmar o interesse da companhia em realizar mudanças e se reestruturar. Seu posicionamento de assumir a responsabilidade e os custos dos investidores brasileiros procuram superar os estigmas deixados pela Lava Jato, e devolver a credibilidade da empresa, ajudando o governo a transmitir uma mensagem de segurança e garantia para os investidores, nacionais e estrangeiros.
Nesta reestruturação o novo presidente da empresa, Roberto Castello Branco, vem buscando três prioridades em sua gestão; a venda de ativo, redução de custos e desalavancagem (diminuição do seu endividamento), buscando maximizar os lucros e melhorar a governança corporativa. Ele já declarou em entrevista: “a experiência indica uma alavancagem de dívida bruta versus Ebitda de uma vez e meia”, além disso o plano de desinvestimento atual prevê venda de quase US$ 27 Bilhões até 2023. Um posicionamento reforçado por ações que ratifiquem o afastamento da sua “herança maldita”, que busca claramente reconquistar a confiança dos investidores e do mercado, o retorno do capital e a “Investment Grade Rating”.
Em poucos meses já é possível observar as mudanças em prática, com a determinação (por parte de Roberto C. Branco) que a empresa não opere mais com bancos públicos, além do pagamento de suas dívidas para com o BB e o BNDES, juntamente com a venda da refinaria de Pasadena no Texas (EUA) para a Chevron, por um valor total de US$ 562 milhões (US$ 350 milhões relativos a ações e US$ 212 milhões para capital de giro), concluindo assim a saída completa da Petrobras do setor de refino estrangeiro, o processo de hibernação da Fafen-SE e Fafen-BA e as declarações afirmando interesse em manter apenas os ativos que ofereçam altos retornos (colocando a BR Distribuidora, Braskem e o parque de refino na lista de possíveis desinvestimentos).
Mostrando assim uma intenção em “desinflar” a companhia e se desfazer do “peso morto”, no que diz respeito à possibilidade de alto retorno e recuperar a credibilidade. Já é estudado a possibilidade de eliminar a diretoria de estratégia da empresa, realizar uma redução drástica de verba destinada ao patrocínio na área cultural e são promovidas diversas ofensivas contra o uso irregular de sua marca.
O momento é favorável para a empresa, já que tanto o câmbio quanto o petróleo caminham em um patamar “saudável”, fator que impulsiona o resultado operacional da companhia e reduz seu custo de extração. Analistas destacam que, em janeiro, a Petrobras tomou decisões favoráveis em relação à venda de ativos e também anunciou suas reservas provadas no final de 2018. O petróleo bruto (Brent) subiu 8% no mês, acumulando + 14% em 2019, mas ainda registrou queda de 7% o LTM. As sanções dos EUA sobre a Venezuela estão influenciando tanto os preços globais do petróleo quanto a oferta de combustíveis líquidos no país. As sanções americanas à PdVSA venezuelana afeta o risco de oferta, impactando a expectativa do preço, dado que a Venezuela é a segundo maior fonte de importação de petróleo na América do Sul.
Além disso, a plataforma P-67 finalmente entrou em operação (após quase 3 meses de atraso) com capacidade de produção de 150 mil barril de óleo e de comprimir até 6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, na área de Lula Norte, no pré-sal da Bacia de Santos. Apesar do atraso em sua inauguração, e da perda acarretada estimada em US$ 232,5 milhões, a plataforma representa um grande investimento com foco no pré-sal.
A previsão de investimento da Estatal para 2019 é US$ 16 Bilhões (podendo sofrer alteração dado a participação nos leilões), com grande foco no pré-sal. Para a Bacia de Santos espera-se um investimento de US$ 9,0 bilhões em 5 anos, com a previsão do lançamento de mais duas plataformas (P-68 em 09/2019 e P-70 em 04/2020), de mesma capacidade da P-67, aumentando o contingente operacional na cidade em mais 500 pessoas. Representando um grande aumento, considerando que a neste ano, a Bacia de Santos produziu 1,215 milhão de barris de petróleo por dia, sendo que a Petrobras foi responsável por 774 mil. Levando-se em conta também o gás natural, a quantidade aumenta para 1,543 milhão de barris de óleo equivalente por dia (boed). A companhia contribui com 987 mil boed e que atualmente, 2.245 pessoas trabalham na unidade do Valongo e que em 2011, eram 724 pessoas.
Outro pilar para a reestruturação da Petrobras neste ano é a revisão do contrato de cessão onerosa e dos parâmetros técnicos e econômicos da licitação de área do pré-sal, previstas para o terceiro trimestre de 2019, estabelecido como uma das prioridades dos primeiros 100 dias do governo Jair Bolsonaro. A expectativa do governo é de que os licitações (leilões) dos excedentes das reservas (referente aos 5 bilhões de barris do contrato) proporciona retornos em torno de US$ 70 Bilhões. Além disso, os trabalhos exploratórios realizados pela Petrobras na região indicaram que existe bem mais petróleo na região. A ANP estima que se tenha até 17,2 bilhões de barris na área, além dos 5 bilhões contratados com a estatal. O alinhamento de propósito com a Estatal tem proporcionado conversas amistosas e produtivas (Segundo o presidente Roberto C. Branco) com expectativa de conclusão até o final do mês, podendo ir até no máximo 60 dias.
A equipe do Bradesco BBI reiterou a recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 37 no papel da Petrobras (PETR4), sustentado em dois pilares: a votação onerosa e o processo de desinvestimento.
Análise a partir da segunda semana Fevereiro:
Já na segunda metade de fevereiro, a justiça de Salvador corroborou a decisão de impedir a hibernação das fábricas de fertilizantes na Bahia. A preocupação é amplificada pelos impactos que teria na perda direta de postos de trabalho, e pela importância estratégica que as fábricas possuem para a pecuária, dado que a sua hibernação acarretaria na busca por fertilizantes de outras fábricas,que fazem uso de formol no processo produtivo, e acabaria comprometendo a carne, leite e nos derivados extraídos a partir do animal. Além disso haveria um grande impacto na economia local, e deixaria o Brasil (atualmente importador de 76% dos fertilizantes) 100% da importação do produto. A disputa vem ganhando repercussão, com crescente mobilização em brasília, e está aguardando novas decisões.
Outra questão legal que envolve a Petrobras é a disputa que já durava cinco anos sobre participações governamentais referentes ao Parque das Baleias, cujo o novo acordo encerra. A empresa aceitou reconhecer provisionamento de R$ 3,5 bilhões após acordo com ANP para unificação de campos. Uma terceira questão legal é a multa aplicada pelo Ibama, no valor de R$ 8,19 milhões pelo vazamento de óleo na costa do ES, no dia 23 de Fevereiro, devido ao rompimento de um mangote da plataforma P-58 se rompeu durante transferência de óleo para o navio São Sebastião.
As novas prioridades estabelecidas por Roberto C. Branco já começam a apresentar resultados e a empresa já vê S&P elevar a sua avaliação para BB, evidenciando o reconhecimento gradual dos esforços da companhia, e continuam sendo postas em prática. No final do mês a empresa anunciou o fechamento de diversos escritório por todo o mundo (Nova York, África, Irã, Japão, São Paulo) como forma de redução de custos, mantendo apenas os escritórios que são considerados mais estratégicos.
O programa de desinvestimento inclui refinarias, possivelmente algumas termoelétricas e outros ativos que não dão retorno à Petrobras. Anúncios mais específicos serão feitos após os estudos de cada ativo, mas Castello Branco já acrescentou que as decisões que forem tomadas serão baseadas em análises técnicas para cobrir, com segurança, margens de acerto e evitar riscos. O CEO disse ainda que poderá ter um novo modelo (mais competitivo) para o desinvestimento de suas refinarias em cerca de três meses, podendo fazer o anúncio antes mesmo do final do primeiro semestre, e afirmou que gostaria de ter menos de 50% da capacidade de refino no Brasil, embora não exista uma meta estabelecida. Além disso, afirmou que não tem interesse em manter fatias minoritárias e defendeu a redução do caixa para cerca de US$ 10 bilhões (quatro a menos que o encerrado em 2018).
Nesta sexta-feira (01/03) a empresa deu início a uma nova etapa na venda de suas participações em três campos terrestres em produção (Lagoa Parda, Lagoa Parda Norte e Lagoa Piabanha - conjuntamente denominados Polo Lagoa Parda), localizados no Estado do Espírito Santo. A companhia é operadora com 100% de participação nos três campos. A produção média do Polo no ano de 2017 foi de aproximadamente 266 barris de óleo por dia (bpd) e 20 mil m³ por dia de gás
Castello Branco defendeu ainda que os recursos sejam empregados em projetos de maior retorno em vez de títulos de baixo risco no mercado financeiro, que pagam juros “baixíssimos”. A Petrobrás vai levar de dois a três anos para concluir o processo de recuperação financeira, disse o presidente da companhia nesta quinta-feira, 28, Roberto Castello Branco, busca reduzir o pesado endividamento da estatal (um de seus principais objetivos). Além das refinarias, a empresa anunciou a venda de campos maduros e em águas rasas.
O CEO planeja manter o pagamento de dividendos mínimos aos acionistas até que julgue ter saúde financeira suficiente para remunerar mais os investidores, e reforçou “Por enquanto nosso foco é no médio e longo prazo, é criar valor para o acionista.”. A empresa registrou no fim de 2018 indicador dívida líquida sobre Ebitda ajustado de 2,34 vezes, inferior à meta de 2,5 vezes, e o endividamento líquido alcançou 69,4 bilhões de dólares, uma queda de 18 por cento ante 2017. Ele ressaltou que o objetivo da empresa é continuar pagando dívidas e atingir um indicador de endividamento líquido sobre Ebitda ajustado de 1 a 1,5 vez.
A revisão do contrato de cessão onerosa implicará ao governo pagar à Petrobras em torno de US$ 15 bilhões. O modelo que for aprovado permitirá à empresa transferir até 70% dos direitos de exploração de petróleo e gás na área do pré-sal para outras companhias do setor. No modelo atual, as companhias petrolíferas que operam no Brasil só podem explorar áreas do pré-sal que foram leiloadas no regime de partilha, uma vez que os campos de cessão onerosa são exclusivos da Petrobrás.
Além disso a companhia já espera crescimento de 6,4% na produção de petróleo e gás já em 2019, com meta de manutenção de crescimento de 5% ao ano até 2023, impulsionado pelo desenvolvimento do pré-sal e o lançamento das novas plataformas (P-74, P-75 e P-76 no campo de Búzios e P-69 e P-67 no campo de Lula e um em Tartaruga Verde, na Bacia de Campos), sendo a P-76 a mais recente, tendo iniciado em 20/02. Em 2018 o pré-sal foi responsável por 45% do total de óleo e gás, pós-sal em águas profundas e ultra profundas corresponderam a 39%, águas rasas 5% e campos terrestres 11%.
Outros dados verificados foram: a redução da TAR (taxa de acidentes registráveis por milhão de homens-hora), que caiu para 1,01, um alongamento do prazo médio para 9,14 anos, com uma taxa média de 6,1%, redução do risco com o encerramento de investigações (via acordos com o DOJ e o SEC), a redução do custo médio de extração, 3,3% abaixo em relação ao ano passado (US$ 10,90/barril em 2018), esperando que o valor diminua ainda mais nos próximos anos, principalmente com a ampliação do pré-sal onde o custo atualmente é bem menor (US$ 7,00/barril).
Nesta última semana, no final de fevereiro, a Petrobras anunciou seu resultado, apresentando lucro expressivo de R$ 25,7 bilhões, se destacando entre as empresas da América Latina, além de recordes históricos envolvendo fluxo de caixa e Ebitda ajustado, após 4 anos apresentando prejuízos. A empresa associa o resultado a fatores como maiores margens nas vendas de derivados no Brasil e nas exportações de petróleo, acompanhando o aumento da cotação do Brent e a valorização do dólar. Somado a uma recuperação de participação de mercado no diesel e queda de despesas gerais e administrativas, além da redução de gastos com juros, devido a queda do endividamento, e a regularização de créditos com a Eletrobrás.
Comércio Digital
A economia brasileira possui a marca de ser impulsionada pelo consumo doméstico. Dessa forma, quando a economia vai bem, o varejo é sempre o setor pujante, onde todos conseguem enxergar a atividade econômica.
Depois do domínio dos smartphones, todos países desenvolvidos e emergentes estão inclusos na era digital. Mediante ao exposto, mostra-se que o Brasil, já possui 220 milhões de smartphones ativos, o que representa um número superior ao da população (dados da FGV de 2018). Assim, o comércio digital se apresenta como o futuro natural do varejo. Os EUA, por exemplo, já caminham em direção a decadência de shoppings e lojas físicas, movimento que ainda ocorre lentamente no Brasil. Ressalta-se que o e-commerce oferece ao comércio a capacidade de realizar um grande número de vendas, com um baixo custo logístico e cada vez menos capital de giro.
No atual cenário nacional, tem-se exemplos de empresas que se adaptaram à nova realidade e são notórias pela modernidade. Mediante ao exposto, destaca-se a Magazine Luiza (MGLU3) e a união de Submarino, Americanas e Shoptime (B2W: BTOW3). Assim, ler sobre o e-commerce como algo novo parece leviano, mas se o comércio digital já exerce atividade por anos, surge a dúvida: “O que as empresas brasileiras de comércio digital estão fazendo de diferente agora que merece tanta atenção?”
A começar, a MGLU3 uniu sua plataforma física e digital, tornou suas lojas físicas e virtuais completamente integradas de uma forma inédita. Seus centros de distribuição operam tanto as operações virtuais quanto as físicas, sendo que estas também fazem entrega e retirada das encomendas virtuais, melhorando a logística. Assim, o e-commerce não tirou à importância da presença física da empresa, que, em setembro do ano passado, deu mais um passo a frente lançando sua própria plataforma de pagamentos.
Não obstante, mostra-se que essa quantidade de mudanças influenciou muito na precificação da empresa, que desde 2017 foi a ação que mais decuplicou de preço. No dia 22 de Fevereiro deste ano, após demonstrativo do último trimestre de 2018 mostrando alta de 14,5% do lucro, as ações da MGLU3 subiram 10,4% o que significou R$3,1 bi em valor de mercado.
A nova tendência das empresas de e-commerce integrou melhor sua cadeia produtiva e fez essas companhias se apropriarem de suas plataformas digitais. Assim, baixaram os custos logísticos, e essas firmas se tornaram de fato da 3ª geração, não sendo mais companhias antigas que alugam tecnologias novas. Isso possibilitou a capacidade de atenderem com mais eficiência as demandas de seu mercado, que desde a universalização da internet possui novas exigências. Assim, com o e-commerce, as empresas que pareciam fadadas a se tornarem obsoletas conseguiram alcançar a modernidade e boas perspectivas pro futuro.
disclaimer: O texto acima não reflete, de maneira alguma, recomendação de compra ou venda de absolutamente nenhum ativo. Material produzido apenas com propósitos acadêmicos.
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