Por Felipe Mazza
O atual presidente argentino, Mauricio Macri, assumiu o seu cargo ao final de 2015, enfrentando grandes conflitos políticos e econômicos. Antes do seu mandato, o país passava por 12 anos de presidência da família Kirchner, composto por um mandato de Néstor e dois de sua primeira dama, Cristina. As principais mudanças entre o atual mandato e estes anteriores se expressam nos seguintes termos. Enquanto o kirchnerismo seguia uma vertente populista com forte protecionismo nacional e alinhamento com países latinos cultural e socialmente semelhantes com a Argentina. O mandato de Macri apresenta na política externa uma busca pela atração de investimentos e parcerias com o grande capital internacional, aplicando paralelamente políticas internas reformistas.
De fato, a crise econômica que a Argentina apresenta atualmente, com índices inflacionários altíssimos (fechando o ano de 2016 com 41% de inflação) e desvalorização cambial, não começa no mandato de Macri. Estes são sintomas de uma anomalia econômica que já estava instalada. De 2010 a 2012 a economia internacional apresentou bons índices de crescimento, o que não foi diferente na Argentina. Diante a este cenário somado a um governo populista, benefícios sociais e trabalhistas foram concedidos. Contudo, será que estes benefícios estão seguros diante de uma recessão econômica?
Devemos lembrar que o atual presidente tem uma formação profissional empresarial. Logo, é com esta visão que ele olhará para a economia nacional. O Estado argentino foi entregue a ele com um déficit orçamentário grande. Pois o governo estava fornecendo subsídios enormes, os quais precisaram ser cortados. Contudo, estes cortes tem como consequência direta o aumento dos preços dos serviços. O que gera o consequente aumento das taxas de inflação junto a um grande descontentamento popular em curto prazo.
Dentro deste contexto, faz se necessário destacar o caso energético, o qual foi fonte de inúmeras críticas e foi denominado de Tarifaço do governo Macri. Para entendermos a proporção do problema, precisamos saber que entre 2006 e 2015 os subsídios para energia recebeu um aumento insustentável de 4.123%. O que fez com que as contas de luz domésticas sofressem uma inflação absurda ao serem cortados estes subsídios. Dessa forma, os argentinos enfrentaram os preços dos gastos energéticos se multiplicando.
Também devemos compreender outro sintoma da crise econômica argentina fortemente presente neste primeiro ano de Governo Macri, a desvalorização cambial. Diante ao cenário de crise, a Argentina acumulou dividas públicas que demandaram moeda nacional. O que forçou o governo a uma produção intensa da moeda, diminuindo rapidamente o poder de compra da mesma.
Por fim, devemos compreender que os ajustes propostos pelo presidente argentino precisam de mais tempo para trazer bons frutos à população. Estava previsto no plano político dele a superação desta fase inicial a qual o país está, enfrentando reajustes e dificuldades enquanto se prepara para o investimento futuro. O cenário atual pode parecer caótico e fragilizado, mas o Estado está seguindo o que a teoria liberal apresenta como solução à este formato de crise.
Felipe Mazza #CauseImpactus
Comments