Em definição consensual, temos que o conceito de hiperinflação é uma inflação acima dos níveis considerados adequados e fora de controle, superando 50% de elevação mensal nos preços. Os relatos de hiperinflação são inacreditáveis: na década 20, por exemplo, durante o período de hiperinflação na Alemanha (que chegava a 29500% ao mês), a moeda perdeu tanto seu valor que muitos cidadãos passaram a usar as cédulas como papel de parede ou como brinquedo para as crianças (isso é real).
A exemplo do que ocorreu em outros países após a Primeira Guerra Mundial, a inflação na Venezuela parece está prestes a fugir do controle: a estimativa do FMI é de 204 % esse ano. A queda do preço do barril do petróleo, o sucateamento da Petróleo de Venezuela S.A. (PDVSA) - a principal empresa estatal venezuelana - e a insegurança político-jurídica são fatores que explicam a fragilidade econômica em que se encontra o regime chavista - continuado pelo atual presidente Nicolás Maduro.
A queda da cotação do petróleo, principal produto exportado pela Venezuela, reduz a entrada de dólares na economia, pressionando uma desvalorização do Bolívar Venezuelano. Como resposta à desvalorização, o governo venezuelano adotou uma taxa de câmbio oficial voltada para produtos importados de primeira necessidade, DIPRO (Dólar Protegido), e outra mais desvalorizada voltada para outras necessidades consideradas não vitais pelo governo, DICOM (Dólar Complementar). Nesse cenário de desvalorização cambial, a tendência seria um incremento nas exportações acompanhado por uma diminuição das importações.
Porém, mesmo com o barateamento dos produtos nacionais exportados, a demanda internacional não responde de modo tão positivo, justamente, por um afastamento do país nas relações internacionais e por um cenário de incerteza mundial, que acarreta uma diminuição do comércio internacional. Além disso, há uma crise gravíssima de oferta no mercado doméstico, de modo que o país tem que recorrer às importações para suprir necessidades básicas, acarretando uma balança comercial deficitária.
Diante de tantos problemas econômicos, a insegurança e incompetência política na Venezuela acabam levando a um descontrole inflacionário, haja vista as expectativas inflacionárias e a desconfiança dos agentes acerca dos dados oficiais divulgados pelo governo. Quanto menor a confiança na habilidade do governo de controlar a inflação, maior tendem a ser os reajustes do mercado, o que leva o governo a adotar políticas de controle dos preços. Esse cenário econômico caótico leva eventualmente à perda de funções básicas da moeda, como a função de reserva de valor e, em casos mais extremos, a perda da função da moeda como meio de troca. É estimado que 100 bolívares (a maior nota circulante) valha em torno de 50 centavos brasileiros e como o salário dos venezuelanos é em bolívar, há uma perda estrondosa no poder aquisitivo, que incentiva ainda mais o mercado negro de produtos. Curiosidade: Devido aos preços administrados, o custo do combustível está fixo há anos e 20 litros custam em torno de 2 bolívares, menos de 1 centavo, ou seja, é praticamente gratuito.
De acordo com a reportagem da EXAME publicada no dia 01/11/2016, começam a surgir sinais ainda mais graves da desvalorização do bolívar. De acordo com relatos, alguns venezuelanos já substituíram a contagem das notas de dinheiro pelo processo de pesá-las nos atos de compra e venda, além de não aceitarem mais as notas mais baixas. A tendência verificada nos países que experimentaram hiperinflação indica que, caso não haja um plano de ruptura econômica-monetária, mudança política ou revitalização das expectativas, o bolívar perderá sua função como meio de troca, ou seja, virará brinquedo para as crianças venezuelanas.
Fontes: http://www1.folha.uol.com.br/…/1748226-venezuela-adota-novo…
http://exame.abril.com.br/…/venezuelanos-comecam-a-pesar-d…/
http://www.megacurioso.com.br/…/69514-20-fatos-interessante…
http://exame.abril.com.br/…/os-6-piores-casos-de-hiperinfl…/
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