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Warren Buffett e a linha sucessória na Berkshire Hathaway

Atualizado: 21 de nov. de 2020

por João Moretz-Sohn


Warren Buffett é, provavelmente, mais conhecido do que a própria companhia que comanda. A Berkshire Hathaway é a quinta maior companhia do mundo em termos de capitalização de mercado. Embora tenha nascido como uma empresa têxtil nos anos 1960, atualmente é um conglomerado que detém participações em diversas companhias, principalmente nos Estados Unidos. Buffet, por outro lado, é o sétimo homem mais rico do mundo, segundo o ranking de bilionários da Bloomberg.


Não é novidade que os dois principais nomes associados à Berkshire Hathaway, o próprio Warren Buffett e Charlie Munger, começaram a preparar terreno para o dia em que não estarão mais no alto escalão da companhia. Buffett, na carta anual da Berkshire, escrita no início do ano, trata de afirmar que ambos já entraram na “zona da urgência”; afinal, contam, juntos, com quase dois séculos de existência: Buffet nasceu em 1930 e Munger, seu sócio desde o final da década de 70, em 1924.



Divulgado em fevereiro, o documento redigido aos acionistas pelo oráculo de Omaha - como também é conhecido Buffett - referente ao exercício fiscal de 2019, no qual a Berkshire registrou 24 bilhões de dólares de lucro operacional, busca tranquilizar os investidores em relação a uma futura saída dos dois anciões da Berkshire: “acionistas não precisam se preocupar: nossa companhia está 100% preparada para a nossa partida”.


Diante das circunstâncias, as últimas páginas da carta redigida por Buffett trazem uma novidade para a conferência de resultados de 2020, que ocorreu no início de maio. Na correspondência, ele anunciou o acato de sugestões de acionistas, da imprensa e de membros do conselho de administração para que dois gestores da Berkshire Hathaway, Greg Abel e Ajit Jain, recebessem mais exposição durante o encontro. Dito e feito: Buffett, que costuma dividir os holofotes com Munger, dessa vez dividiu a tribuna com Abel.


Greg Abel talvez seja o nome mais cotado para suceder Warren Buffett. Nascido no Canadá e formado em contabilidade, Abel foi promovido a vice-presidente das operações “ex-seguros” em 2018. O executivo, que trabalha na Berkshire desde 1992, tem contribuído principalmente para as operações de utilities que o conglomerado administra, ocupando também a posição de CEO na Berkshire Hathaway Energy. Além disso, Abel está, desde 2015, no conselho da Kraft Heinz, empresa na qual a Berkshire Hathaway detém uma participação de aproximadamente 27%.


Outra figura bastante especulada para assumir o trono é Ajit Jain. Nascido na Índia, Jain é graduado em engenharia mecânica, tendo passado pela IBM e pela McKinsey antes de ingressar na Berkshire em 1986. Assim como Abel, Jain foi promovido em 2018 e, atualmente, ocupa a vice-presidência das operações de seguros do grupo.


Em 2018, logo após a promoção de Abel e Jain, Bill Gates, que até o início de maio de 2020 ocupava uma cadeira no board da Berkshire, teceu elogios aos dois executivos, afirmando que “são duas pessoas super capacitadas” e que fica admirado com o que trazem. Segundo ele, a promoção dos executivos eram ótimas notícias para a Berkshire.



Inclusive, as preocupações sobre o plano sucessório do conglomerado não são recentes. Em 1994, por exemplo, durante a conferência anual da Berkshire, Buffett, quando perguntado como ficaria a companhia caso, subitamente, algo ocorresse a ele, respondeu: “A Berkshire continuaria bem. Nós temos um excelente conjunto de negócios”. Em complemento, Munger afirmou que as perspectivas para a companhia seriam reduzidas se Buffett morresse “na manhã seguinte”, mas que o grupo seguiria com uma boa performance.


No mundo corporativo, a transição entre gestões costuma ter traços aventureiros. Uma pesquisa conduzida pela National Association of Corporate Directors em 2014 indicou que dois terços das companhias públicas e privadas dos Estados Unidos não possui um plano formal de sucessão para o cargo de CEO. Nesses processos, a figura do atual ocupante do cargo é fundamental, principalmente no que diz respeito à preparação e ao desenvolvimento de potenciais candidatos – e parece que Warren Buffett, CEO da Berkshire desde 1970, junto a Charlie Munger, vice chairman da companhia, tem cumprido seu dever de casa.


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